Em Maio e Junho Oeiras relembra Livros Proibidos

Em Maio e Junho Oeiras relembra Livros Proibidos

18 mai 2016
  • Cultura
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Em Maio e Junho, no projeto Livros Proibidos, revisitámos duas obras fundamentais de autores portugueses e que foram alvo do crivo censório do Estado Novo. Falamos de 'As lutas operárias contra a carestia de vida em Portugal: a greve geral de 1918 (1971)', de José Pacheco Pereira e de Esta estranha Lisboa (1972) de Urbano Tavares Rodrigues.

O primeiro, comentado pelo próprio autor, e que marcou a sua estreia literária, é um estudo e reflexão sobre a História Portuguesa, no que diz respeito às características gerais do proletariado português e dos movimentos operários entre 1871 e 1918, ano em que terminou a 1ª Guerra Mundial. Um ano muito especial para a Europa e particularmente para Portugal, caracterizado por muitos tumultos. Havia escassez de bens, assaltavam-se as mercearias, as lojas, os armazéns de mantimentos. Foi um período de grande instabilidade política com tentativas de instauração de regimes ditatoriais e com assassinatos políticos. Um ano atípico, e grande violência em Portugal, que contraria a ideia amplamente difundida de que Portugal é um país de brandos costumes. É o ano de assassinato por razões sociais, é o período em que o patronato português, à imagem do espanhol, cria um exército de ação armada constituído por pistoleiros cujo objetivo era furar as greves. Este texto foi, naturalmente, apreendido pela PIDE. A moderação foi de Ricardo costa.

O segundo, esse retrato cirúrgico e incomodativo de Lisboa, resultou da compilação de textos, crónicas que o autor publicou no Diário de Lisboa no início da década de 70 do século passado e cujo registo espelha bem a irreverência do olhar do escritor sobre a capital de um país amordaçado pela censura, pelo obscurantismo e pela miséria do Estado Novo. Um livro que explora, a preto e branco, os grandes contrastes do quotidiano de uma cidade, conhecida pela luz emprestada pelo rio, pelos casarios e edifícios típicos e por uma geografia humana que falava, a viva voz, das desigualdades profundas de um país. O olhar foi de João Braga, um dos mais destacados artistas e intérpretes do fado como tradição oral, popular e cultural e que fala desta nossa Lisboa. A moderação foi de Nicolau Santos.