Oeiras e o caminho-de-ferro

Oeiras e o caminho-de-ferro

21 mai 2018
foto

Em 21 de maio de 1892 inaugurou-se a dupla via de caminho-de-ferro que ligava Lisboa a Cascais, com o intuito, entre outros, de usufruir dos milagrosos tratamentos de helioterapia.

Assim a linha deu azo à explosão de moradias de veraneantes em todas as povoações do percurso, e as estações e apeadeiros de Pedrouços, Belém, Algés, Cruz Quebrada, Caxias, Paço de Arcos, Carcavelos, Parede-Galiza, Estoril e Cascais nasceram, umas a seguir às outras, surgindo mais tarde, o apeadeiro do Dafundo e de Santo Amaro de Oeiras as estações de S. João do Estoril, Monte Estoril e S. Pedro do Estoril (Cai-Água conforme era chamada em 1905).

Era uma viagem morosa e poeirenta, fatigante e com muitos solavancos. Uma poeira grossa, encarvoada entrava pelas janelas entrando nos olhos dos passageiros, mas sem alterar a alegria do passeio nem a beleza marítima, nem o encanto da serra de Sintra a coroar o horizonte terrestre. E até o Sud Express, esse comboio internacional com carruagens que seguiam de Paris diretamente para o Estoril, carregado de turistas ricos, a uma velocidade estonteante de14km/hora.

Assim aliando a comodidade, ao baixo custo, à segurança e ao número de pessoas transportadas, esta linha foi um sucesso, e até já se chamava “Costa do Sol” à Linha de Cascais, atingindo o seu auge com a construção do Casino do Estoril, o que fez com que 10 anos mais tarde se inaugurasse a eletrificação da linha. Aí foi o boom dos hotéis de luxo, a construção do golf e outros benefícios para a vida mundana no Estoril.

Oeiras também estendeu para a praia o seu braço de casario, quintas, “hotel modelar, 100% europeu, todo ele virado ao mar, o enorme casino ”Éden de Santo Amaro”, cinema” e modernas, alegres, floridas e elegantes vivendas, qual “anfiteatro aberto sobre uma arena de oiro” e os banhistas caiam em bando na praia de Santo Amaro trazidos pelo caminho-de-ferro. E no ano de 1898, o apeadeiro de Santo Amaro de Oeiras, mesmo do outro lado da ribeira da Lage, nasceu, fruto de uma angariação de fundos dos moradores liderados pela família D’Orey e de outras famílias residentes, a fim de que os moradores e frequentadores da elegante e moderna Santo Amaro, não tivessem de se deslocar à estação de Oeiras, para iniciar a sua viagem quer para a turística e mundana Estoril quer para a capital.

Ref. COLAÇO, Branca de Gonta e ARCHER, Maria – Memórias da Linha de Cascais, 2013