A Quinta Real de Caxias

A Quinta Real de Caxias

Os jardins são contemporâneos dos do Palácio de Queluz. A organização enquadra-se nas regras do jardim francês, estruturado em longas alamedas, enquadradas por lagos e animadas por jogos de água.

19 jul 2022
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O Jardim da Cascata e o Paço da antiga Quinta Real de Caxias constituem um dos elementos mais relevantes do património do concelho de Oeiras, sendo uma das Quintas de Recreio de referência em Portugal.

A sua localização privilegiada, junto ao Tejo e à antiga estrada real, levou o infante D. Francisco (1691-1742), irmão de D. João V e senhor da Casa do Infantado, a promover as obras do Palácio, depois concluídas pelo futuro rei consorte D. Pedro III (1717-1786).

Com influência no barroco francês, o jardim alia fins lúdicos à horta de exploração agrícola. Tendo a água enquanto elemento fundamental, revela fontes, aquedutos e noras para acabar no deslumbramento da Cascata monumental, alimentada por um complexo sistema hidráulico assente na força da gravidade.
 


Os jardins são contemporâneos dos do Palácio de Queluz. A organização enquadra-se nas regras do jardim francês, estruturado em longas alamedas, enquadradas por lagos e animadas por jogos de água. No caso de Caxias é no designado jardim dos buxos que este desenho é mais visível com os Lagos Embrechados - revestidos a pedra natural com representação de um tritão em cada um – a receber-nos na entrada sul.

Seguem-se quatro conjuntos de fontes representando as quatro estações do ano. Cada conjunto é composto por três figuras de crianças, dispostas ao redor de um elemento central, numa composição dinâmica. As estações são identificadas pela utilização de elementos naturais próprios de cada época – flores na Primavera, frutos no verão, cachos de uva no Outono e um javali no Inverno.

Os pavilhões octogonais – do Poço ou Nora e da Fruta, estão ligados às suas funções, mas também poderiam servir como espaços de recolhimento em horas de maior calor.
 


Mas a peça central do jardim é a grande cascata barroca. Grandiosa e cenográfica, construída em alvenaria e revestida com pedra natural, eleva-se em três pisos, com um corpo central rematado por um pavilhão mirante de planta quadrada de onde é possível desfrutar da paisagem sobre a barra do Tejo. Todo o conjunto é povoado de túneis, grutas, pináculos e estátuas, de onde partiam aparatosos jogos de água.

Os dois braços de plataformas em terraço estão ligados por passagens subterrâneas (túneis ou corredores) que percorrem todo o interior da cascata, permitindo aos seus frequentadores gozarem de um ambiente calmo e fresco e dos sons da água.

No último piso da cascata, um tanque retangular recolhia as águas que chegavam de Queijas através de um aqueduto, para serem depois distribuídas pela cascata, tanques, lagos e jardins por meio de um complexo sistema hidráulico que funcionava utilizando força da gravidade. No cimo do pavilhão mirante, uma cegonha de cerâmica bate as asas ao sabor do vento, pontuando o conjunto.
Por fim importa referir o magnífico trabalho dos elementos escultóricos em terracota, atribuídos ao mestre Machado de Castro (1731-1822).
 


O grupo central do cenário, no lago da Cascata, representa uma cena mitológica clássica, segundo a qual a deusa Diana vinha tomar banho junto da gruta onde o seu amado pastor Endimião dormia num sono eterno que lhe permitia fugir do envelhecimento e da morte.

Surpreendida pelo caçador Actéon, Diana, furiosa com a audácia do intruso, lança-lhe água à cara, transformando-o lentamente em veado, ao mesmo tempo que é devorado pelos seus próprios cães.


Desde 1986 que o Município tem vindo, através de sucessivos protocolos com a Administração Central do Estado, a promover a recuperação, conservação e utilização de importantes elementos da Quinta. Primeiro dos jardins de buxo e Cascata, mais tarde o restauro dos conjuntos escultóricos da autoria de Machado de Castro (1731-1822) e desde 2009 o prolongamento da zona de fruição pública para os antigos pomares.

*Texto Rui Godinho

⏰ Os Jardins da Cascata podem ser visitados de segunda a domingo, no seguinte horário: 
Inverno - 9h às 20h
Verão - 9h às 21h
⏰ O caminho pedonal do Paço da antiga Quinta Real de Caxias, onde é permitida a entrada de cães e bicicletas, funciona de segunda a domingo:
Inverno - 9h às 20h
Verão - 9h às 21h
Para mais informações: udph@oeiras.pt