Pantagruel, de François Rabelais é uma das obras, de um dos gigantes da cultura ocidental, dos mais perseguidos e censurados de sempre. Apesar de renascentista e da sua publicação remontar a 1532, é ainda um dos exemplos mais contundentes do quão o humor, o riso e a sátira são instrumentos poderosos de contrapoder e denúncia. O retrato que Rabelais faz, pela voz de Pantagruel, filho de Gargantua, da sociedade francesa da primeira metade do século XVI (sobretudo das instituições religiosas) é mordaz e incomodativo. Com uma linguagem muitas vezes ousada, ridicularizava muitos dos costumes da época.

Pantagruel é um bom-vivant, alegre e glutão, destaca-se desde a infância por sua força descomunal – superada apenas por seu apetite. O seu nome significa tudo alterado e é também o nome de um demónio do folclore bretão cuja atividade preferida era a de jogar sal na boca dos bêbados adormecidos, para lhes causar sede e fazê-los beber ainda mais.

Em suas andanças, Pantagruel encontra Panurge, um clérigo arruinado que se tornará seu companheiro de aventuras e também protagonista de vários episódios do romance. O texto é inspirado na tradição oral medieval, nas gestas e nos romances de cavalaria. Foi um grande sucesso mas também um caso de censura dos mais paradigmáticos de sempre.

Foi condenado pela Sorbonne, sendo incluído entre os livros obscenos e proibidos.

Com Isabel Zibaia Rafael conhecida na blogosfera por Laranjinha (www.cincoquartosdelaranja.com).

É licenciada em filosofia, professora de profissão e desde 2006 que deu início ao projeto “Cinco quartos de laranja” inspirado na leitura do livro de Joanne Harris. Tem vários livros publicados sempre com uma ligação entre literatura e comida, a sua verdadeira paixão. A moderação é de Maria Flor Pedroso.