Palácio Anjos - De casa de veraneio a espaço de cultura

Palácio Anjos - De casa de veraneio a espaço de cultura

Durante o período de construção da edificação principal – Chalet de Miramar, embora sem autoria nem data comprovada de construção, o foco de atenção por parte da população local incidiu de imediato sobre a obra, gerando imensa especulação e curiosidade.

15 nov 2022
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Polycarpo Pecquet Ferreira dos Anjos (1846-1905), reconhecido empreendedor e capitalista, pertencente à melhor burguesia lisboeta e, mais tarde, Par-do-Reino, mandou erguer em Algés entre 1880 e 1886, precedida pela fase de aquisição dos terrenos entre 1875 e 1880, onde atualmente se encontra a Alameda Hermano Patrone, a propriedade de veraneio da família, a que chamou Quinta de Miramar. Durante o período de construção da edificação principal – Chalet de Miramar, embora sem autoria nem data comprovada de construção, o foco de atenção por parte da população local incidiu de imediato sobre a obra, gerando imensa especulação e curiosidade.

Até mesmo por importantes investigadores o imóvel era notado, como atesta Pinho Leal, “(…) anda em construção uma sumptuosa e elegante casa de um outro Senhor Anjos, rico negociante e capitalista de Lisboa, que tem aqui uma grande quinta” pois, não nos podemos esquecer, que se tratou da “(…) primeira edificação grandiosa constituída de raiz, na zona Ribeirinha de Algés, com a caracter de residência de veraneio (…) até então as casas usadas para veraneio (…) resultavam da adaptação de vetustas edificações construídas para outros fins, integradas em quintas, em que, por vezes, se coadunavam os jardins e pátios (destinados ao recreio) à zona de produção hortofrutícola”.
 
Desde cedo, a quinta sofreu alterações nos seus limites, tendo a primeira desanexação parcelar ocorrido em 1928. O impulso urbanizador da baixa de Algés, conjugado com a morte de Polycarpo Anjos em 1905, e com as profundas alterações a nível político, social e económico, vivenciados no país nas décadas seguintes, determinaram novas e constantes desanexações. No ano de 1966 o Município adquiriu a propriedade à sociedade construtora que o detinha à data, desta exclui-se uma faixa, a norte, com a área de 2200m2, onde foram construídos 5 prédios, anteriormente projetados.
 

                                                   Postal 1921 - Coleção Arquivo CMO

O sexto prédio foi edificado em meados da década de 70, no terreno da capela. Entre 1976 e 1985, a Câmara Municipal de Oeiras realizou diversas reparações no espaço. Então, progressivamente a partir de 1985, foram sendo instalados serviços públicos no Palácio Anjos, para além da Biblioteca Municipal que já se encontrava sedeada desde 1980, tais como a Junta de Freguesia de Algés, uma galeria de arte e a Universidade Sénior.

Após uma difícil campanha de obras de recuperação do edificado, iniciadas em 2004, mas que devolveram o esplendor que outrora lhe havia sido retirado, o espaço reabre ao público, dois anos depois, enquanto Centro de Arte Manuel de Brito – projeto que se manteve até 2018. Atualmente, o agora chamado Palácio Anjos, continua a existir enquanto espaço de cultura, com o único propósito de servir a população, acolhendo inúmeras exposições promovidas pelo Município de Oeiras, fazendo coabitar num só espaço Passado e Futuro.
 

                                                               Foto: Arquivo CMO - 2011