Qual a origem do nome Bugio?
Fomos à História descortinar a origem do nome Bugio.
" Será o Bugio uma ilha artificial? Afirmava que só nos fins do Séc. XIX, se lhe começou a chamar Bugio". Carlos Pereira Calixto
Existem ao longo dos anos várias referências e explicações, como a de Carlos Pereira Calixto (1921-1991), que em artigo publicado na Revista da Marinha, em 1979, menciona: " Será o Bugio uma ilha artificial? Afirmava que só nos fins do Séc. XIX, se lhe começou a chamar Bugio".
Também o Dr. José Pedro Machado, admitiu que o nome podia ter a ver com o facto de, "mais ao menos a meio da foz do Tejo, o farol em forma redonda sobre uma penedia artificial com a mesma forma, assemelha-se a um coto de vela de estearina ou cera (Bougie em francês). Igualmente Joaquim Boiça, na sua obra "O Forte do Bugio", considerou que o nome se reportasse a, vela/candeeiro, bugia (ou bugio), quando o forte passou a funcionar igualmente, como farol, e o próprio Carlos Pereira Calixto, assinala que a designação de Bugio, remonta a 1715, aparecendo numa planta desenhada em Paris nessa data e dada a conhecer por António Pedro Vicente, considerando a existência de uma série de mapas do Séc. XVIII, no estrangeiro, em que surge o " Fort de Bugie"
De qualquer forma, já pelo menos em 1681 seria corrente a designação de Bugio em versos datados, do poeta popular, Tomás Pinto Brandão (1664-1743), que deportado para o Brasil / São Salvador da Baía, escrevia:
"Seriam mil e seiscentos
E oitenta e um, quando fomos
Desta barra do bugio,
Buscar aquela dos monos"
A este se refere também o Padre Bluteau, no Vol II, pág. 206, do seu vocabulário, em que descreve o Bugio, como sendo: "Forte redondo, algum dia de madeira, hoje de pedra e cal"
Ainda uma tese a considerar é que Bugio quer dizer qualquer coisa bojuda, redonda, circular, que se contorna e a que se dá a volta, tal como Bojador, Bugio é aqui um derivado regressivo do verbo bojar, assim o significado aceitável para Bugio, é, de facto, o que caracteriza a forma invulgar do Forte, ser bojudo, redondo, circular e a que se pode dar a volta.
Uma nota final sobre a expressão popular "ir bugiar", o mandar bugiar que já aparecia em Gil Vicente, e que Tomás Pinto Brandão, falando do Bugio em 1681, a utiliza em 1738,
"Ali a fortaleza do Bugio
Com quem de quando em quando
Muita mestrança anda bugiando
E sem lhes darem vaia
Vinham os mais deles bugiar à praia."
In " Elucidário de alguma Oeiras", Jaime Casimiro, 2010