2016 inaugura o 3º ciclo dos Livros Proibidos

2016 inaugura o 3º ciclo dos Livros Proibidos

17 fev 2016
  • Cultura

O mês de Dezembro encerrou o ciclo de 2015 dos Livros Proibidos, com temas associados ao suspense e poesia. O código Da Vinci', livro da autoria do escritor norte-americano Dan Brown publicado em 2003, foi a obra em destaque na primeira sessão de dezembro, com o convidado Frei Fernando Ventura e moderação de Maria Flor Pedroso. Ao estrondoso sucesso de vendas em que se transformou este romance de ficção não foi, certamente, alheio o facto de o mesmo veicular uma polémica em torno da história de uma conspiração secular para ocultar a verdade sobre alguns cânones que sustentam a fé do cristianismo, nomeadamente a divinização da figura de Jesus. Rompendo com o padrão das histórias de suspense tradicionais, 'O Código Da Vinci' reúne uma série de elementos de natureza política e religiosa, apelando à imaginação e agudizando a curiosidade do leitor. Estes fatores contribuíram para que transformasse em paradigma de um novo género literário que postula, sobretudo, a leitura do entretenimento. Noutro espectro, a 'Antologia Portuguesa de Poesia Erótica e Satírica', de Natália Correia, foi o livro analisado por Helena Roseta na segunda sessão do mês de dezembro, a que fechou o ano de 2015, moderada por Ricardo Costa.

Reunindo alguns dos mais belos textos poéticos de sempre, esta antologia foi publicada em 1966 e de imediato apreendida pela PIDE, tendo Natália Correia, o editor e muitos dos poetas que faziam parte da coletânea sido julgados e condenados. Em pleno Estado Novo, a publicação em causa era considerada ofensiva da moral e dos bons costumes, pelo que a sua leitura não era recomendável. A Câmara Municipal de Oeiras deu início ao 3º Ciclo de Livros Proibidos no passado mês de Fevereiro, desta vez subordinado ao tema 'Livros Proibidos em Portugal - Estado Novo'. O objetivo é tentar dar uma visão suficientemente abrangente, capaz de apresentar o leitmotiv que presidiu à proibição e censura no Estado novo. Foram identificados 900 livros como tendo sido proibidos pela ditadura entre 1933 e 1974, numa lista compilada pelo investigador José Brandão. José Vilhena, Urbano Tavares Rodrigues, Manuel Alegre, Pacheco Pereira, entre muitos outros, fazem parte do Index deste Estado Novo que não convivia bem com a sátira política, o erotismo e a liberdade de pensamento, censurando e erradicando toda a produção literária e cultural que não exaltasse os valores do Estado Novo e o seu representante máximo: Salazar. Manuel Alegre foi o convidado da penúltima sessão deste projeto que decorreu no dia 17 de Fevereiro, no Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras. 'A Praça da Canção' (1965) e 'O Canto das Armas' (1967) foram os livros apresentados neste encontro, moderado por Ricardo Costa. No passado dia 23 de março foi a vez de Hélia Correia e Manuel Alberto Valente falarem do livro Podem Chamar-me Eurídice, de Orlando Costa. A moderação contou com a usual acutilância do jornalista Ricardo Costa.