Decameron e Dinossauro Excelentíssimo, mais dois na estante de Livros Proibidos

Decameron e Dinossauro Excelentíssimo, mais dois na estante de Livros Proibidos

10 set 2015
  • Cultura
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A obra Dinossauro Excelentíssimo, de José Cardoso Pires, serviu de ponto de partida para a sessão que marcou o retomar do ciclo de conversas Livros Proibidos, em setembro, com o convidado António Bagão Félix e moderação de Maria Flor Pedroso. Trata-se de uma fábula satírica que retrata a vida de Salazar e a ditadura do Estado Novo em Portugal. Foi escrito em Londres em 1970 e publicado pela primeira vez em 1972 pela Editora Arcádia. As ilustrações são de Abel Manta, que aceitou participar sem qualquer hesitação. O livro foi publicado durante o regime fascista, sendo um exemplo paradigmático das dialéticas da censura, presentes entre o poder político, os escritores e as editoras. Apesar de polémico e de ter suscitado uma vigilância encapotada, foi apontado na então Assembleia Nacional como prova de que a censura não existia em Portugal e de que a liberdade de expressão era uma realidade.

Ainda em setembro, Decameron, de Giovanni Boccaccio, foi a obra literária analisada pelo presbítero e poeta José Tolentino de Mendonça, professor e vice-reitor na Universidade Católica. O encontro teve moderação a cargo de Ricardo Costa. Decameron é considerado um livro mestre, desses que influenciaram a literatura moderna de forma positiva e bastante visível. Escrito na Idade Média pelo ilustre italiano Giovanni Boccaccio, a obra é repleta de contos com diversos temas, contados, com forte componente humorística, por dez refugiados da peste negra. Um retrato dos costumes da sociedade de Florença, com especial incidência nas contradições e cinismos do poder eclesiástico. De tal forma que, por mais de 300 anos, este livro tornou-se o mais perseguido da história da Igreja, sendo o primeiro da lista dos livros conhecida como Index Librorum Prohibitorum. De profundo espírito humanista, amigo e discípulo de Petrarca, Boccaccio tornou-se um dos mais importantes símbolos da literatura universal, um leitor e observador dos homens, dos seus sentimentos e contradições.