Frei Bento Domingues vem falar connosco sobre o livro de Voltaire - Cândido. Quisemos levantar um pouco o véu sobre o que poderemos contar com a sessão de dia 29 na biblioteca municipal de Oeiras. Como não somos egoístas, partilhamos consigo o pensamento acutilante do nosso convidado.
Propusemos este livro. É um livro importante para si?
Já foi muito importante. Agora é interessante para debater questões que nunca estarão encerradas.
A máxima de Leibniz diz que ‘tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis’, concorda?
Como é que Leibniz podia saber que este é o melhor dos mundos possíveis? Não estamos no melhor dos mundos possíveis, mas podemos caminhar para o melhorar ou piorar. Ciência, ética, política e religiões precisam de se questionar mutuamente para servir o mundo de todos a defender e reconstruir por todos.
O terramoto, pela dimensão e impacto, mais do que uma mudança física na cidade originou pensamentos e debates internacionalmente. Há um mundo antes e depois do terramoto de Lisboa a nível do pensamento?
O terremoto de Lisboa abriu um debate. A questão pouco discutida de forma prática é a seguinte: sabendo o que aconteceu porque será que se continua a construir em lugares tão expostos a esses desastres? Porque será que as descobertas científicas são pouco atendidas?
Para si, o que significa a frase com que Voltaire acaba do livro ‘ Devemos cuidar do nosso jardim’?
A frase de Voltaire foi agora repetida pelo Papa Francisco: é imperioso cuidar a Casa Comum. É preciso cuidar da consciência individual pessoal e coletiva , mediante a educação familiar, escolar e religiosa, que a questão ecológica é a questão das questões do nosso tempo, em todo o mundo.