Hortas Urbanas | Testemunhos de hortelãos

Hortas Urbanas | Testemunhos de hortelãos

22 abr 2020
  • Ambiente
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São várias as hortas urbanas que o Município de Oeiras tem em diferentes locais do concelho.

Em Linda-a-Velha,  os hortelãos que plantam, semeiam e colhem os produtos hortícolas da horta urbana existente naquela localidade partilham a sua experiência e o que esta iniciativa lhe trouxe.   

 

'Para quem vive em meio urbano, e numa localidade com uma forte densidade populacional e um forte índice de construção, colocar as 'mãos na terra' é um privilégio. Numa altura crucial para a reconexão do 'homem' com a natureza, a criação destes espaços é uma aposta essencial e crucial. Enquanto utilizador de uma horta urbana do Município de Oeiras, tenho tido acesso a produtos hortícolas com sabor genuíno, algo cada vez mais difícil de encontrar nos estabelecimentos comerciais. Outra mais valia deste espaço tem sido a ligação à comunidade e ao estabelecimento e alargamento de relação com os vizinhos e outros hortelões. O espírito de grupo, partilha e ajuda têm estado sempre presentes - o número de vizinhos que ganhei acrescentou-me o sentido de pertença a este bairro de Linda-a-Velha, onde facilmente nos cruzamos na rua com outro hortelão, que deixou de ser apenas mais uma pessoa que reside perto de mim, para ser alguém que tem coisas em comum comigo. Um dos maiores desafios tem sido respeitar os ciclos culturais e ritmos de crescimento das plantas, a par de todos os outros animais que também se alimentam da horta, como sejam os coelhos, as perdizes, os melros e outros pássaros que já usufruíam deste espaço antes da implantação deste projeto. O reconhecimento da vegetação espontânea como factor de biodiversidade tem sido também um aspeto enriquecedor nesta experiência. '  Tiago Reis, 49 anos, Licenciado em Agronomia e Consultor na Área de Educação e  Projetos

Mas as hortas urbanas não são só as hortas que cada hortelão tem. Existem projectos escolares como o da escola Básica e Secundária Amélia Rey Colaço em Linda-a-Velha, onde os alunos da Sala dos Saberes III da Unidade de Ensino Estruturado têm à sua responsabilidade a manutenção de um talhão na Horta Urbana e Pedagógica de Linda-a-Velha.

 “Nesta horta têm couves, alfaces, cebolas, alho francês, favas, chá príncipe e morangos. Todas as semanas arrancam as ervas daninhas, procedem à rega e ainda têm o prazer de comer o que vão produzindo.” Relata-nos a Prof.ª Filipa Nunes (Prof. de Educação Especial do Agrupamento de Escolas de S. Catarina )

As Hortas Urbanas trouxeram o gosto pelo contacto com a terra, o sabor genuíno dos alimentos e o espírito de grupo na comunidade.

'Olá, chamo-me Tomás Ribeiro, tenho 15 anos, sou estudante do 10º Ano na Escola Amélia Rey Colaço e estou a cultivar a horta destinada à minha escola (Talhão 04). Para além disso, também sou “aluno e ajudante” do Sr. Tiago Reis, envolvo-me nos seus projetos de modo a concretizá-los mais rapidamente. Eu comecei a usufruir do espaço no final de 2019 e desde aí já semeei, com sucesso, uma variedade de rabanetes, estruturei o centro da Horta em Mandala com pedras, troncos e pinhas para os insetos lá habitarem; ajudei uma hortelã recém-chegada a planear o seu espaço, colocando troncos de madeira nas extremidades de um caminho que traça a horta ao meio; atualmente estou a trabalhar com o Tiago na reabilitação do espaço destinado às crianças, um trabalho que estou a adorar fazer; e claro, o projeto que mais me ambiciona é a horta da escola: lá plantei morangueiros, feijões-verdes, pimentos, um pepino, um alecrim e várias couve-galegas, semeei cenoura, couve-lombarda (adoro-a cozidinha), cebola, alfaces e beterrabas, e já estou a tratar das meloas, tomates e aneto (em casa semeei em vasos para mais tarde transplantar para lá). Faço este esforço porque gosto, quero e sobretudo porque posso, felizmente surgiu a oportunidade de participar nesta comunidade hortofrutícola e quero aproveitar cada momento, sem deixar os estudos, os amigos e outros passatempos de lado, e espero aprender muitas mais técnicas de agricultura biológica, pois eu creio que o futuro vai-se basear nisto e há que recolher informações para passar à prática, que é aquilo que já estou a fazer no momento. Obrigado.' Tomás Ribeiro, 15 anos, estudante do 10º Ano