Refletir sobre um dos temas mais transversais da história do livro e da leitura, a censura, é o objetivo do projeto Livros Proibidos, uma iniciativa da Câmara Municipal de Oeiras que, até ao final do ano e ao longo de nove sessões, vai analisar obras literárias que constituem exemplos paradigmáticos de proibição na história do pensamento.
Cada sessão contará com um convidado e com um moderador: Ricardo Costa, Nicolau Santos e Maria Flor Pedroso, alternadamente.
Fevereiro foi o mês de estreia do ciclo, com Francisco Louçã no papel de convidado e Ricardo Costa no de moderador. Em análise, As Vinhas da Ira, de John Steinbeck, editado em 1939, um épico sobre o sofrimento humano. Trata-se de uma das obras mais lidas e discutidas de um dos mais célebres escritores norte-americanos.
A celeuma que este livro provocou nos Estados Unidos foi imensa e deu origem, inclusive, a investigações do FBI. Foi banido de dezenas de bibliotecas (que apesar de serem os guardiões da memória, foram também, bastas vezes, protagonistas do processo
de destruição dos livros) e queimado na praça pública por populações indignadas.
Todos estes factos não impediram que lhe tivesse sido atribuído, em 1940, o Prémio Pulittzer. Conquistou, ainda, elogios públicos
da primeira-dama Eleanor Roosevelt e ficou imortalizado no cinema pela mão do inimitável John Ford. Steinbeck foi também galardoado com o Prémio Nobel, em 1962.
Em março, no dia 19, será João Lobo Antunes o convidado e Admirável Mundo Novo, a obra de Aldous Huxley em análise. Este romance publicado em 1932 tornar-se-ia um dos mais extraordinários sucessos literários nas décadas seguintes. O livro descreve uma sociedade futura alicerçada no progresso científico e material. Uma metáfora que retrata a era da técnica, desumanizada, sem lugar para a subjetividade que inclua emoções ou família.
A moderação será de Ricardo Costa.