Por Rodrigo Dias
Departamento de Planeamento e Gestão Urbanística CMOeiras
Investigador de Desenho da Paisagem
Doutorando em Jardins Históricos Portugueses (Universidade de Delft, Holanda)
A Casa da Pesca aparece na paisagem do centro antigo pombalino de Oeiras como uma visão de um templo grego, perfeitamente alinhado com o pelourinho. Toda a arte e monumentalidade do palácio e jardins da residência do célebre grande Marquês de Pombal entram pela vila adentro e surgem aos habitantes como um marco arquitetónico e paisagístico, insólito, para a modesta e pacata urbe de recorte rústico e agrícola.
Há mais de duzentos anos, após o grande terramoto de 1755 que arrasou Lisboa e arredores, todo o vale agrícola da ribeira da Laje é remodelado, revolvido e reconstruído, transformado a ordens e desejo do Marquês e da Marquesa austríaca, numa obra pictórica de uma ideal paisagem da Arcádia Greco Romana, que bem podia estar em qualquer Palácio da Aristocracia ou Realeza Centro Europeia.
O interior da Casa apresenta-se como um requintado salão de descanso e merenda, revestido de finos estuques com cenas de pesca e suaves cores, imitando por vezes a água.
No centro do teto está representada, Diana, a Deusa da Caça, e simultaneamente símbolos de Neptuno, o Deus dos Mares, numa simbologia que nos suscita muitas histórias por contar.
O chão é desenhado em preciosos mármores de cores e o salão abre sobre a paisagem dos antigos pomares de laranjeiras, do palácio e da vila de Oeiras, por enormes portadas e janelões de guilhotina.
A ladear a casa existiam dois jardins íntimos, certamente de rosas e outras flores desenhados com sebes de buxo. Todo este conjunto está hoje semiarruinado, à espera dos visitantes do séc. XXI.