Paixão e política nos Livros Proibidos - D. H. Lawrence e Mário Vargas Llosa

Paixão e política nos Livros Proibidos - D. H. Lawrence e Mário Vargas Llosa

16 nov 2014
  • Cultura
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Devido à importância que atribuiu à paixão amorosa nos seus livros onde, muitas vezes, inclui as meticulosas descrições do amor físico, o autor britânico D. H. Lawrence foi causador de acesa controvérsia, no seu tempo. Não é, por isso, de estranhar que ‘O Amante de Lady Chatterly’ tenha sido uma das obras escolhidas para integrar o ciclo de Livros Proibidos e ser objeto de análise, desta feita, da jornalista Paula Moura Pinheiro.Hoje compreendido enquanto autor que revolucionou a prosa ficcional no século XX, Lawrence viu ‘O Amante de Lady Chatterly’ ser alvo de sucessivas proibições. De tal modo que o texto integral só veio a público em 1959, em Nova Iorque, mais de 30 anos depois de ter sido publicado, e já depois dasua morte. A obra incide sobre o relacionamento amoroso entre a mulher de um aristocrata inglês e um guarda-florestal da propriedade. O autor defende abertamente a liberdade sexual como condição essencial para a felicidade, atacando simultaneamente e de forma frontal as convenções sociais. Na verdade todos os seus textos envolveram sempre alguma polémica relativa às questões de publicação na pudica Inglaterra, herdeira da moral vitoriana na primeira metade do século XX. Esta obra não só foi destruída como não pôde ser vendida durante muitos anos pelo seu caráter erótico, da livre vivência docorpo e da sexualidade. Para além disso, coloca a questão da paridade e da igualdade de direitos entre os géneros.

Em novembro foi convocado um dos galardoados com o Prémio Nobel da Literatura, autor de uma das obras mais polémicas do século XX: Mário Vargas Llosa e A Guerra do Fim do Mundo, um romance marcante na sua trajetória pessoal e literária. Nasceu em 1936 no Peru, Mário Vargas Llosa é uma personalidade intelectual de grande vulto e um dos mais importantes escritores da América Latina e do Mundo.Em A Guerra do Fim do Mundo denuncia as estruturas de poder vigentes na América Latina, razão suficiente para ser alvo de censura e perseguição. Editado em 1981 o livro retrata o famoso massacre de Canudos no Brasil numa abordagem crítica, cómica e carnavalesca, fazendo uso do sarcasmo e da ironia.O romance de Vargas Llosa foi analisado por Rui Ramos, investigador principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e professor convidado do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.É licenciado em História pela Universidade Nova de Lisboa e doutorado em Ciência Política pela Universidade de Oxford e tem-se dedicado à história de Portugal nos séculos XIX e XX e à história das ideias políticas contemporâneas.