Teve início no passado dia 20 de Junho a obra de repavimentação da Rua Costa Pinto em Paço de Arcos. A empreitada desenvolver-se-á em duas fases e terá a duração global de três meses. A tradição de revestir os pisos vias de circulação com blocos de pedra remonta, no território português, pelo menos à época romana.
Mas já épocas ulteriores há provas de que certos trechos de caminhos seriam forrados a placas de calcário, como se verificou no povoado pré-histórico de Leceia, constituindo o caminho estruturado mais antigo até hoje conhecido em território atualmente português. Mais tarde, são particularmente conhecidos os belos trechos calcetados de vias romanas e caminhos antigos, mas já de época portuguesa, muitas vezes confundidos com aquelas. Em épocas ulteriores aquela prática não se perdeu, e vemo-la ressurgir de forma generalizada a partir de meados do século XIX, com a chamada calçada portuguesa, formando belos motivos geométricos pelo contraste claro/escuro, proporcionado pela utilização de pequenos blocos de calcário afeiçoados daquelas duas tonalidades, destinada a forrar passeios e outras áreas pedonais.
Na área ribeirinha do estuário do Tejo, foram pelo menos desde aquela época aproveitados seixos rolados de calcário branco e de basalto, de tonalidade negra, com idêntica finalidade, o que se explica pela sua abundância nos leitos das principais cursos de água da região oeirense, como o rio Jamor, a ribeira de Barcarena e a ribeira da Laje, bem como nas praias adjacentes. Tais seixos rolados, utilizados sem quaisquer transformações, podem ver-se ainda hoje forrando pisos térreos de alguns edifícios do centro histórico de Oeiras, ou ao ar livre, colocados quase sempre verticalmente no solo. Em Paço de Arcos, na atual rua Costa Pinto, um trecho deste tipo de pavimento foi recentemente acidentalmente posto a descoberto, e logo preservado, por cuidadoso recobrimento, no âmbito do processo de repavimentação daquela rua do Centro Histórico. Na época, constituiria uma exceção nas vias de comunicação então existentes, o que explica o topónimo por que era então designada: rua da Calçada, substituída no tempo do Marquês de Pombal por rua Direita e, muitos anos depois, pelo topónimo que hoje possui (do Plano de salvaguarda do património construído e ambiental do Concelho de Oeiras, Oeiras, 1999).
O município de Oeiras, tem vindo a acompanhar e implementar um conjunto de ações que visam a requalificação e reabilitação do Centro Histórico de Paço de Arcos assente numa estratégia de gestão global e integrada deste território. Considerando o atual mau estado de conservação da generalidade do piso da Rua Costa Pinto, em que se verifica a constante desagregação da calçada e a cedência da caixa de pavimento em várias zonas, com a presente intervenção pretende-se proceder à sua repavimentação, com a implantação de novos passeios e a cria- ção de mais espaços de esplanada, numa ótica de valorização e promoção deste Centro Histórico.
No decorrer da empreitada a circulação automóvel será interdita sendo neste período criado um circuito alternativo que permitirá o acesso e deslocações na zona histórica. Em termos de Recolha de Resíduos Sólidos Urbanos as 'ilhas' da Rua Costa Pinto, Praça da República e Praça Guilherme Gomes Fernandes serão seladas, dada a impossibilidade de acesso ao local pelo veículo de recolha. Em alternativa serão colocados contentores em novos locais de melhor acessibilidade. O projeto que agora se pretende implementar tem como princípios estruturantes a melhoria do ambiente urbano, o disciplinamento da circulação e do estacionamento automóvel e o incremento da imagem deste núcleo de formação histórica. Neste âmbito, foi determinante a escolha dos materiais, tendo-se optado por um pavimento uniforme em granito na tonalidade cinza, de grande durabilidade que permitirá um acabamento de excelência e conferindo a todo o espaço uma maior qualidade e dignidade.
