25 de abril de 1974

25 de Abril de 1974

O 25 de Abril de 1974 – Do golpe militar à Revolução dos Cravos


A década de 20 do século XX ficaria marcada pela instabilidade política, económica e social numa Europa ferida pela I Guerra Mundial – 1914-18. Em Portugal, a instabilidade política e a contestação geral também se faziam sentir. É, pois, neste ambiente conturbado que, em 1926, um golpe militar instaura uma ditadura, pondo fim à I República. O Estado Novo, estruturado em 1933, cujo mentor e principal figura de destaque foi António de Oliveira Salazar, vigoraria até 24 de abril de 1974.

Caracterizou-se por ser um regime político monoparlamentar, de partido único, que eliminava a oposição através da atuação da polícia política, primeiro DGS e mais tarde PIDE. Vigilância e repressão que resultaram na prisão de muitos oposicionistas, tendo a prisão de Caxias ficado como símbolo de resistência ao regime. A cultura fora dos cânones ditados pelo regime era entendida como subversiva e mesmo uma ameaça que era necessário combater através da censura. Livros, jornais, teatros, cinemas, exposições e outras manifestações de arte, eram meticulosamente analisados e alvo fácil do famoso “lápis azul” que eliminava, total ou parcialmente, a criação artística incómoda ao regime. No entanto, seria a guerra do ultramar ou guerra de libertação, na perspetiva dos povos colonizados, que causaria maior desgaste político no Estado Novo, com impacto social, económico e cultural no país. A esta situação, somavam-se as sucessivas crises académicas, de 1962, 68 e 69, onde os jovens estudantes começavam a ter uma maior consciência política. Este ambiente deve ser entendido, ainda, num quadro alargado de contestação – o maio de 68, em França, a Primavera de Praga e a invasão soviética da Checoslováquia e o movimento de contracultura Hippie, nos EUA, pela paz contra a guerra no Vietname. Em 1970 morria o Presidente do Conselho António de Oliveira Salazar e nem a chamada Primavera Marcelista, com o governo de Marcelo Caetano, conseguira aquietar a oposição, que vira defraudadas as expectativas de mudança.

Seria a questão corporativa dos oficiais Milicianos, em contexto da guerra do ultramar, que causaria desconforto no seio da classe e levaria à preparação da “operação fim do regime”. Falhada uma primeira tentativa, a 16 de março, é agendada nova reunião logo para o dia 24, que teve lugar em Oeiras, para avaliação do que correra mal e para se preparar o golpe para o 25 de abril – “o dia inicial inteiro e limpo”, como lhe chamou Sophia no seu poema alusivo ao dia, marcado pela cor dos cravos que os militares revoltosos exibiam pela cidade e que a maioria da população celebrou em festa.

A “operação fim de regime”, levada a cabo pelos jovens capitães de Abril, conseguira a rendição e deposição do regime, episódio que teve como palco central o quartel no largo do Carmo, onde Marcelo Caetano entregou ao General António de Spínola o poder. O golpe de estado estava concluído. A revolução estava agora nas ruas da cidade e rapidamente contaminaria o resto do país. A esperança num tempo novo era promessa apregoada. Um país novo estava por construir, em liberdade, em paz e com base na igualdade de oportunidades para todos. 

O caminho estava por se cumprir! 

🎥 Assista ao vídeo do processo criativo do painel intitulado ‘Testemunho da Revolução’ de autoria da artista Mafalda Gonçalves: