Caracterização económica do Concelho de Oeiras

Caracterização económica do Concelho de Oeiras

O perfil produtivo de Oeiras encontra-se fortemente alicerçado na disponibilidade de um capital humano altamente qualificado.

​​Esta caracterização tem que ser necessariamente sumária e global. Todavia, há vários fatores que definem a economia, à escala do Concelho de Oeiras, que não podem deixar de ser sublinhados. Entre estes destacamos: a estrutura económica, as dinâmicas económicas, a estrutura sectorial do emprego, a qualidade empresarial e a capacidade de atração de empresas.


Refira-se ainda que este artigo segue muito de perto os elementos sistematizados no Estudo Estratégico para o Desenvolvimento Económico e a Competitividade Territorial do Concelho de Oeiras, encomendado pela Câmara Municipal de Oeiras ao reputado economista Augusto Mateus.


A estrutura económica


Oeiras apresenta uma forte cobertura de unidades empresariais associada a sectores terciários superiores. A sua localização não está circunscrita somente a áreas empresariais específicas estendendo-se por toda a área geográfica do concelho.


Todavia, denota-se uma presença importante destas empresas em zonas de confluência com os concelhos vizinhos. A Este, beneficiando da proximidade a Lisboa. A Oeste, numa relação de proximidade com Cascais e Sintra.


O perfil produtivo de Oeiras encontra-se fortemente alicerçado na disponibilidade de um capital humano altamente qualificado. Neste contexto sublinha-se o peso significativo da população com Ensino Superior, o mais elevado no contexto nacional.


A forte qualificação do capital humano motiva assim, uma intensa terciarização do mesmo, com Oeiras a evidenciar um nível de terciarização da população dos mais elevados da AML a par de Cascais e Lisboa.


A evidência destes fatores fez com que tenha sido claramente assumido pelo Município de Oeiras o objetivo de uma maior contenção territorial do emprego dos seus próprios residentes. Dando especial destaque aos seus residentes mais qualificados.


Este é um objetivo que, conjugado com o igualmente estratégico objetivo de qualificação económica, traduz a necessidade de enfoque analítico e político em duas dimensões de base:

 

  • Por um lado, na qualificação empresarial, institucional e económica do município;
  • Por outro lado, numa melhor integração territorial das dinâmicas económicas do município.

 

 

As dinâmicas económicas

 

Fruto das estratégias públicas e privadas no âmbito da AML, foram criados novos espaços económicos no território concelhio. Essa nova dinâmica em muito contribuiu para que, desde 2000, já menos de metade da atividade económica concelhia se situava na zona leste junto a Lisboa (Carnaxide, Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada).


Esta alteração deveu-se em grande parte à implantação e afirmação do Taguspark e dos parques empresariais (Lagoas Park e Quinta da Fonte), com acesso privilegiado à A5, fora das zonas urbanas contíguas a Lisboa e dos núcleos urbanos consolidados da zona costeira. A atratibilidade destes novos espaços funcionou sobretudo para empresas de significativa dimensão, correspondendo a mais de um quarto do emprego do concelho.


Oeiras é um concelho cujo desenvolvimento económico recente se baseou, em importante medida, pela estruturação integrada de projetos de localização empresarial de espaços de média e de grande dimensão. Projetos esses que foram apoiados de forma decisiva pela autarquia.


A estrutura sectorial do emprego

 

Analisando a estrutura sectorial do emprego, associado aos estabelecimentos presentes em Oeiras, verifica-se que uma parte preponderante se encontra alocada a serviços empresariais, seguindo-se distribuição e Comércio. Verifica-se também que nos espaços urbanos, o peso de serviços às famílias (educação, saúde e cultura) é nitidamente superior ao evidenciado por outras tipologias territoriais.


O tecido empresarial de Oeiras é bem menos atomizado do que as médias nacionais. É nos seus parques empresariais (nomeadamente, no Lagoas Parque e no Tagus Parque) e nos espaços industriais (nas zonas de Queluz de Baixo e de Carnaxide) que se encontram as grandes empresas que fazem de Oeiras o segundo concelho da AML (depois de Lisboa) com maior percentagem de estabelecimentos com 250 ou mais empregados.


Estas elevadas dimensões empresariais traduzem uma significativa internacionalização dos capitais: nomeadamente, nas empresas situadas na Quinta da Fonte e no Tagus Parque (ambos os parques com mais de 50% dos seus estabelecimentos com participações de capital estrangeiro superiores a 25% do total), e ainda no Lagoas Parque e nos espaços industriais de Carnaxide (cerca de 40% dos estabelecimentos).


A capacidade de atracão de serviços avançados e outras atividades intensivas em conhecimento e tecnologia, bem como a disponibilidade de capital humano altamente qualificado, são condições que se refletem nos níveis salariais praticados em Oeiras. Para estes elevados níveis de qualificação e de rendimentos médios, contribuem sobretudo os parques empresariais e tecnológicos, bem como os estabelecimentos industriais. De referir, ainda, interessantes índices na tipologia dos centros históricos, sobretudo devido às instituições situadas no próprio centro histórico de Oeiras.


A qualidade empresarial


O indicador de qualidade empresarial inclui duas componentes: a componente de especialização sectorial avançada (medida pela presença de estabelecimentos em sectores avançados e mais baseados no conhecimento); a componente da alta qualificação e remuneração dos recursos humanos (medida pela presença de empregados com ensino superior ou bacharelato, bem como os empregados cujo ganho médio se situava acima do percentil 90 do espectro remuneratório).


Do efeito conjugado das duas componentes de qualidade empresarial para os estabelecimentos económicos de Oeiras, resultam as seguintes interpretações:

 

  • As mais elevadas taxas de qualidade empresarial situam-se no Parque de Ciência e Tecnologia, sobretudo pela significativa presença de sectores avançados e de uma estrutura qualificada de recursos humanos;
  • A qualidade empresarial do Lagoas Parque revela-se por efeitos da componente da qualificação e dos ganhos nos recursos humanos, e bem menos pela presença de sectores avançados – fator também visível aquando da constatação da mais reduzida presença de estabelecimentos em sectores mais transacionáveis e internacionalizáveis;
  • A tipologia de espaços urbanizáveis mostra uma qualidade empresarial acima da média do concelho, confirmando decerto tendências de localização em novos espaços construídos, de atividades competitivas.
  • A Quinta da Fonte traduz uma qualificação sectorial abaixo da média, tal como os diferentes espaços industriais – sendo que, nestes, existem diferenças assinaláveis entre a área industrial de Queluz de Baixo (com maiores qualificações de RH) e as outras áreas (de Carnaxide e de Oeiras), abaixo da média nas duas componentes;
  • A presença de instituições baseadas no conhecimento no centro histórico de Oeiras coloca esta tipologia numa posição sectorial positiva, embora com uma muito baixa média de qualificação na componente do capital humano – uma situação similar, de resto, às performances dos espaços urbanos do sudoeste.

 


Um mais completo indicador da qualidade económica de cada tipologia territorial, necessitará de conjugar a qualidade empresarial aqui proposta com elementos mais transversais de qualidade do território, tais como níveis de densidades urbanas, indicadores principais de qualidade de vida, indicadores de qualidade ambiental e de coesão social, etc.


As diferenças na estrutura dimensional dos estabelecimentos localizados em Oeiras face ao resto do país são bastante nítidas, já que, neste concelho, a média de trabalhadores é de 13,0 por estabelecimento, explicada pela maior representatividade dos estabelecimentos com mais de 50 trabalhadores e pela média de dimensão de massa de trabalhadores neste segmento de grandes empresas, que é 168,8 trabalhadores.


O perfil dimensional de Oeiras tem beneficiado do incremento da dimensão média dos estabelecimentos de serviços, fator favorável neste sector principalmente quando associado ao aparecimento de empresas fornecedoras de serviços mais avançados (serviços de apoio às empresas em áreas específicas que exigem maior massa crítica e escala).


A capacidade de atração de empresas


O concelho de Oeiras evidencia duas características singulares geradoras de uma forte capacidade de atracão de estabelecimentos, conforme a proveniência do estabelecimento.


Por um lado é um concelho dinâmico, que tem ganho relevância no panorama nacional e, nesse sentido, apresenta capacidade de aliciar estabelecimentos com maior proporção de capital humano habilitado, proveniente do resto do país com base na oferta de vantagens competitivas associadas a ganhos de centralidade.


Por outro lado, evidencia forte capacidade de atrair estabelecimentos provenientes do concelho de Lisboa, com base no facto de disponibilizar espaços empresariais competitivos e amplos, coadjuvados por uma panóplia alargada de serviços complementares associados, destinados à instalação física de empresas que evidenciam já uma dimensão média considerável, detentoras de capital humano com qualificações nitidamente acima da média.


De facto, um dos fatores-chave de localização empresarial que o concelho de Oeiras representa para os estabelecimentos situados em Lisboa é o facto de possibilitar incrementos significativos ao nível das condições de localização empresarial. Este concelho possibilita nomeadamente a implantação de empresas em espaços físicos empresariais de maior dimensão, cuja estratégia empresarial passa por incrementos ao nível da dimensão média, por exemplo, por via de contratação de mais empregados.


Esta situação é reforçada pela aposta do concelho de Oeiras na constituição, promoção e divulgação de espaços empresariais vocacionados para o sector terciário avançado que primam por evidenciarem critérios elevados de qualidade e modernidade, com forte possibilidade de expansão.


Deste modo, a estratégia deste concelho tem passado pela potenciação da sua atratividade direcionada, não apenas para estabelecimentos que pretendam alargar a sua dimensão média, mas que, para além disso, queiram reforçar a presença de empregados altamente qualificados, o que tem vindo a notabilizar Oeiras no contexto da Grande Lisboa e, até do país.